Sonho de Ícaro
Por Fernanda Huguenin
Ícaro é uma personagem da mitologia grega. Filho de Dédalo, um brilhante inventor, encontra-se exilado junto ao pai na ilha de Creta. Dédalo elabora um plano de fuga. Constrói asas para ambos, cujas penas são coladas com cera. Avisa ao filho que durante o vôo ele deveria manter-se nem muito rente ao mar (pois a umidade pesaria as penas), nem perto do sol (pois o calor derreteria a cera). No entanto, inebriado com a sensação de liberdade e diante da paisagem vista do alto, Ícaro eleva-se esquecido da recomendação do pai. Ao olhar para trás, Dédalo vê penas boiando no mar. Ícaro caído estava morto.
Penso que este mito pode ser lido de duas maneiras. Uma moralizante: Ícaro ousou romper com as regras em nome de seu desejo e por isso foi punido. Como dizem ditados populares, ele “quis dar um passo maior do que a perna” ou “quanto mais alto o coqueiro, maior o tombo do coco”. A outra leitura é vê-lo como audaz, destemido, impetuoso. Uma daquelas pessoas que “botam a cara na reta”, assumem os risco e, por isso, às vezes petiscam.
Entre as perspectivas, fico com a segunda. Pois penso que há também duas maneiras de encarar a vida: ou somos vítimas das circunstâncias ou somos seus agentes. O que seria Ícaro senão um frustrado se tivesse deixado de voar em nome da obediência as regras? Seria, como tanta gente por aí, um recalcado a lastimar os acontecimentos, achando que o mundo é injusto consigo. Mas o Ícaro agente de sua história e de seu destino pode se olhar no espelho com a dignidade dos combativos, mesmo quando vencidos. Sim! A vida dói, mas torna-se deliciosa quando se lha enfrenta de cara.
Caso contrário é pura neurose: a mentira contada para si mesmo e crida como verdade.
O sol que derrete as asas de Ícaro é apenas uma metáfora. O sol poderia ser Deus. Poderia ser o amor. Poderia ser a justiça. Cada um de nós sabe o que busca e imagina o cenário visto do alto do que espera encontrar. Eu busco a liberdade “… essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda…”, como a definiu Cecília Meireles. A paisagem que imagino ver é um mundo livre, onde as relações humanas sejam mais igualitárias e respeitosas.
Página Fonte: http://www.fmanha.com.br/blogs/ocrueocozido/?p=122#comments
Fico, em boa parte das vezes, em cima do muro.
ResponderExcluirAcho que devemos considerar as consequências dos nossos atos. Conseguir enxergar os riscos é uma virtude, e acho que não devemos ignorar isto.
Mas também acho que devemos ousar – desde que esta ousadia não nos seja nociva.
Em cima do muro sempre tem um pouco de bom senso que nos ajuda dosar.
Parece que “para onde vamos não precisamos de estrada”, mas eu, sendo meio neurótica, adoro regras porque elas me dão segurança – ao menos, uma falsa sensação de segurança. :P
Beijos, meninas.
Dai
Dai, então somos 2 neuróticas! Rsrsrs!
ResponderExcluirEu concordo com você. A maioria das regras existem para nos orientar e permitir que vivamos em sociedade. Mas acho que assim como enxergar os riscos para não "voar" é uma virtude, também podemos calcular e prever os riscos de voar. Nada como parar, pensar e sentir, não é mesmo? Isso é fundamental.
Beijos e obrigada por comentar!
Ma
Má,
ResponderExcluirentão você também é neurótica, rs.
"calcular e prever os riscos de voar". Boa! =D
Voar com os pés no chão. É possível!
Obervação da minha sobrinha, Emilly: Annh! (suspiro de supresa)O anjo tá pelado.
Ai, que engraçado ela falando. rs
Beijos,
Dai